18 JANEIRO DE 1934

Não tem qualquer sentido reconduzir o 18 de Janeiro à Marinha Grande. Fica mais do que demonstrado que a versão oficial (interesseira, por natureza) e a versão do Partido Comunista (também obviamente interesseira) ao prestarem destaque quase único à Marinha Grande, aos vidreiros e à liderança comunista não logram comprovativo na realidade dos factos.
Ganha sentido, sim, «recolocar» o 18 de Janeiro na sua dimensão histórica exacta: um movimento operário insurreccional, que visava a reconquista das liberdades sindicais, a par do derrube do regime do Estado Novo.
Neste contexto, a Marinha Grande é um episódio «mediático» (assim o diríamos na linguagem corrente), porque envolve uma ocupação da vila pelos revoltosos ainda que de duração muito curta , o assalto aos correios e a rendição da GNR. Sobretudo esta é, de facto, paradigmática. Mas não há greve, não houve «soviete» nem içar de bandeira vermelha nos Paços do Concelho.
O episódio da Marinha Grande é, por outro lado, reposto quanto à autoria do seu comando: se é verdade que a CIS e o PC têm peso significativo na direcção do Sindicato Nacional dos Vidreiros, não é menos verdade que se comprova a participação empenhada da CGT e de trabalhadores de outras correntes político-sindicais.
Fica igualmente comprovado que o movimento operário insurreccional, de que expressões concretas vão ter lugar para além da Marinha Grande, se gera e desenvolve com o concurso das duas principais correntes sindicais a anarquista e a comunista e com o envolvimento dos sindicalistas socialistas ( a Federação das Associações Operárias) e da corrente sindicalista autónoma (COSA — Comité das Organizações Sindicais Autónomas).
Fátima Patriarca descreve bem os entendimentos e desentendimentos surgidos entre estas várias correntes e clarifica melhor o seu peso respectivo. É indubitável que a CGT e a corrente sindical anarquista tiveram, neste processo, uma influência marcante. Isto não elimina o papel dos comunistas que não pode ser esquecido ou menorizado , mas repõe a verdade essencial: e essa é a do contributo das várias tendências sindicais (anarquista, comunista, socialista e a dos autónomos), segundo os factos que conseguiu demonstrar. Não me parece que seja muito importante, hoje, «contar espingardas», ou seja, procurar apurar se os anarquistas foram mais decisivos do que os comunistas, ou se os socialistas ou os autónomos não tiveram significado relevante. Houve uma convergência de esforços, emergiu uma implicação de todos  mesmo que não tenha ocorrido uma unidade estratégica, organizativa, táctica, como parece evidente pela comprovação dos desencontros, pelas falhas de articulação, pelas recriminações que, «antes e depois», choveram de uma banda e de outra, em recíprocas acusações.
Neste contexto, importaria retirar a conclusão de que o «18 de Janeiro» merece ser comemorado, doravante, não apenas na Marinha Grande, como tem sido tradicional, mas também em Silves, em Sines, em Almada, no Barreiro, zonas onde a «história que se fez» deixou na tumba as ocorrências  essas, sim, muito significativas do que ali se passou; mas onde a «história que hoje rompe novos véus» já permite, sem margem para dúvidas, reconhecer que o «18 de Janeiro» é ali que conquista contornos historicamente mais iluminantes. Em suma, Silves, Sines, Almada, Barreiro e outras localidades, precisam de ser «transladadas» da campa rasa em que as colocaram para o «panteão» do verdadeiro «18 de Janeiro».

Artigo 21.º Constituição da República Portuguesa
(Direito de resistência)

Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.

Artigo 37.º
(Liberdade de expressão e informação)

1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.

2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.

REVOLTA POPULAR

Portugal vive por força de sucessivos governos de direita, o maior drama económico, social e político desde o 25 de Abril. O desemprego, a fome, a exclusão, a precariedade no emprego, o remanescer do capitalismo, a desumanidade e a arrogância, nunca foram tão evidentes. Com a entrada na EU (União Europeia) e ao contrário daquilo que nos disseram, as desigualdades foram-se acentuando, e sem fim à vista. Os países poderosos (Alemanha, França, Inglaterra e Espanha) dão as ordens e traçam os caminhos, os outros vão-se vergando e obedecendo.  Com a chamada “luta contra o terrorismo” deixamos de ser cidadãos passamos a ser apenas números, só temos liberdade quando depositamos (ou não) o voto. As minorias, étnicas ou outras só servem para as estatísticas, os sindicatos, único meio que temos de luta estão reduzidos a quase zero, muito por força do patronato retrógrado e de cariz fascizante que os governos apoiam. O capitalismo internacional (75% da riqueza mundial é controlada por 0,5% da sua população, ou seja só resta 25% de riqueza para 99,5% da população), detém praticamente tudo o que se produz, chamando a si o controlo de toda a humanidade, pondo e dispondo de tudo.  Só com medidas anti-capitalistas e populares, Portugal e o Mundo em geral, poderão dar a quem trabalha, a MAIS VALIA que produz. Só com um levantamento popular podemos vergar o poder e os poderosos, só com uma revolução genuinamente POPULAR podemos mudar o sistema. A luta tem de ser directa e incisiva, a retórica partidária não nos serve, já vimos que só atrasa a revolução. Sei que a mudança é difícil, o Povo sente-se impotente por vezes, mas amigos e camaradas temos de ser nós, os verdadeiros  revolucionários, os que não têm medo, os que não estão comprometidos com o poder vigente, dizia, temos de ser nós a ir para a vanguarda, a dar a cara, a dizer BASTA.    

VIVA O PODER POPULAR

VIVA A REVOLUÇÃO POPULAR

VIVA O 25 DE ABRIL